Mergulho no azul do céu, em voos perdidos
Planando como ave sem sentidos
O casaco logo se estende no ar
Como vela de barco no mar.
Elevo meu corpo entorpecido
Conduzem-me ventos amainados
Abro os meus braços já doridos,
De há tanto tempo cruzados.
Doce brisa amorna as águas frias
E eu descanso em almofada de algas macias
Lençóis com barras de espuma rendada
Enfeites de damasco na colcha prateada.
Vagas mansas erguem-me no ar,
Baloiço da minha infância esquecida.
Vem trautear canções de embalar
A Lua Cheia, de suas rotas perdida.
Corro por searas de espigas douradas
Danço, rodopio, marcho em paradas
Rezo ladainhas em claustros de noviças
Caminho por dunas de areias roliças
Movendo-se em ondas sensuais
Do alto dos montes grito a ecos repetidos
Ensaio trinados com pequenos pardais
Canto hinos a amores proibidos
Olho o céu, os montes, imagino o mar
De despedida, um último olhar.
Cerro os olhos e os ouvidos. Suspiro.
Tranco o coração, colo os lábios, não respiro
Na espera da saída, desesperado
Donde nada sou e a tudo me sujeito
Regresso do sonho mil vezes sonhado
E volto a dobrar os braços sobre o peito.
2 comentários:
também tens queda para a poesia??? dessa não sabia. Bjinhos
filo
Muito bem Maria Susete. Há muito que não passava por aqui...brilhante.
Filomena
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