Para descontrair, uma pintura deliciosa de Botero

Swan Lake

E os deuses uniram-se...









Pequena nota biográfica:

Margot Fonteyn nasceu em Inglaterra no ano de 1919 com o nome de Margaret Hookham. Passou a sua infância na China, donde veio aos 14 anos. Os seus pais levaram-na a uma audição e o seu primeiro trabalho foi no bailado "Quebra-nozes" como floco de neve. Aos 16 anos era já primeira bailarina do Royal Ballet no Convent Garden, onde fez "O pássaro de fogo", A bela adormecida", "Cinderella", etc. tendo durado a sua carreira 40 anos. Casou com um diplomata do Panamá. Quando já pensava afastar-se dos palcos, fez "Giselle" com o recém chegado Rudolf Nureyev, bailarino russo mais novo 20 anos, com quem dançou durante mais 15 anos. Aposentou-se em 1979 e foi viver para a Argentina, onde tomou conta do marido, paralítico devido a um atentado que sofreu, até 1989, ano em que ficou viúva. Faleceu de Cancer em 1991.

Rudolf Nureyev, Rudolf Kametovich Nureyev, nasceu a 17 de Março de 1938 em Ufa, Basquíria (Irskutsk) na Rússia Soviética. Às escondidas dos pais teve aulas de dança com uma velha bailarina que residia na sua terra. Sem dinheiro, nem apoio de ninguém, foi apresentar-se na Escola de Dança de Leninegrado, que funcionava no Teatro de Kirov e foi aceite como aluno devido ao seu já notório talento. Formou-se em 1958 e foi considerado o maior bailarino clássico.O seu professor foi Aleksandr Pushkin, a quem venerou sempre. Em 17 de Junho de 1961, no aeroporto de Paris onde estava com a companhia de bailado de Kirov, correu por entre os guardas e pediu asilo político, que Paris lhe concedeu. Como par de Margot Fonteyn, protagonizou bailados como "Giselle", Marguerite et Armand", "O lago dos cisnes", "Romeu e Julieta", etc. Faleceu em 1993 em Paris, vítima de Sida.

Margot Fonteyn


Que deuses habitam num simples mortal, que lhe dão força e capacidade para ir tão longe?
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Anos e anos em pontas... parece ser tão fácil.
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Quanta beleza!
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E sempre um sorriso de felicidade, o verdadeiro triunfo!

Rudolf Nureyev




Como é imenso o poder criador...

Que pena vermos desaparecer tanto talento, tanta beleza!

Vieram-me as lágrimas aos olhos ao ver o filme "Les uns et les autres", ainda muito nova, mas já com paixão pela música e pela dança.

O "Bolero" de Ravel, dançado por Nureyev...

Nureyev e Ravel, onde estão agora com toda a sua arte?


criar...

Imagem, melodia e duas vozes fabulosas. Dois minutos para alimentar o espírito!

Bruxinha

Na minha vassoura mágica, voo pelos céus, entre as nuvens, sobre os mares e montanhas, até ao meu castelo encantado.

Morcegos são os meus pagens, ratos os meus servos.

Cortinas de teia, que mil aranhas tecem todos os dias, são os véus onde descanso das minhas maldades.

A minha capa é feita de noite, sem estrelas nem luar.

Os meus cabelos, de fogo que queima em meu redor.

Os meus olhos são doces e o meu sorriso é de mel... mas as minhas unhas são raios e o meu riso trovões.
Ihihihihihi!!!!

Hey...



Parem! Parem todas as crianças que brincam no recreio da escola em algazarra e correrias. As que vivem nas terras do frio e brincam no gelo com patins brancos de lâmina brilhante.
As que estudam nas escolas sem paredes, sem cadeiras, sem livros… e que aprendem as letras e os números com coragem, para amanhã tornarem a África mais justa. Parem as crianças que têm a pele queimada do Sol e que enterram os pés descalços na areia fofa das praias das ilhas distantes, com palmeiras quietas rasgando o céu e ouçam o que venho anunciar.
Ouçam bailarinas! Desliguem a música que as faz rodopiar e venham ouvir. Tragam as fadas de asinhas transparentes, as bruxinhas de chapéu em bico, os bonecos dos desenhos animados e as chiquititas…

Do circo já estão a chegar os palhaços, os trapezistas, os acrobatas, os póneis e as focas. Do cinema virá o Charlot, o Pamplinas, a Barbie e o Nemo.

Da televisão , a Dora, o Nody e o Dartacão.
Lá vêem todos os livros de histórias de aventuras, de adormecer, de encantar, com as letras em filinha e as figuras de aguarelas coloridas a acompanhar.
Parem os riachos que correm para os rios e os rios que correm para o mar. Pare o mar de ondular os cabelos das sereias e fazer bolhinhas de espuma na praia dourada.

Hey! Esperem nuvens apressadas feitas de algodão doce, não fujam, tenho uma coisa importante para contar.
E vocês também, estrelas brilhantes que enfeitam de luzes o céu tão grande, tão profundo, tão alto, tão distante.
Espera Sol, tu que fazes com que a Lua se encha de luar. Ouve o que eu vou dizer.
Abram-se flores e perfumem a novidade que eu vou anunciar. As vermelhas, as amarelas, as azuis… Também as lilases, as roxas e as rosadas. Perfumem o ar que é dia de festa.

Venham as árvores, mesmo as mais frondosas para poderem ajudar as mais pequenas e envergonhadas. Tragam os pássaros e os ninhos, as lagartas e os répteis, os esquilos e os saguis. As que viverem nas matas distantes, tragam os leões e os leopardos, o elefante e o bisonte, a gazela e o rinoceronte.
Dos desertos venham as areias escaldantes e o oásis.
Das montanhas venham as pedras negras dos vulcões, o eco e a cascata.
Anda arco-íris e veste as cores que realizam os sonhos.
Que não fique ninguém por ouvir a notícia que tenho para dar.
Quero flores, pássaros, música e perfumes, quero doces e serpentinas, histórias e brincadeiras.
Quero tudo, tudo o que a Terra tem de melhor.
Estão preparados?
Vamos juntar-nos e em coro bem afinado cantar o Parabéns a você…
Já adivinharam?
Hoje é o dia do aniversário da Francisca.


Vá lá, toooooodos…





Parabéns Francisca.


Asas de seda

Ter asas de seda pura e voar como sopro morno, dolente.

Deslizar entre as nuvens macias, guiada por sentidos ausentes.

Adormecer sobre as águas lisas dum lago e cobrir-me com mantas de luar.

Ser embalada pela canção do vento a sussurrar... a sussurrar.

Voar...


Voar, voar, voar...

Hoje apetecia-me ser borboleta e poder voar, voar, voar .
Em casa, com um pé magoado, sem poder movimentar-me àvontade, começo a ficar melancólica.
Não me apetece escrever, ler ou ver tv.
Os poucos passos que posso dar, não saem do mesmo lugar, por má sina minha.
Se eu pudesse voar, não precisava de ser águia ou falcão.
Bastava ser gaivota para andar sobre as ondas do mar, pousar nas rochas com cheiro salgado a algas rosadas e sentir a maresia passar suave e fria.
Podia ser um flamingo também, pois eles equilibram-se bem numa só perna. Alem disso, têm uma plumagem rosa muito bela, são elegantes, altivos e gostam de horizontes largos.

Não queria ser canário, apesar de os achar lindos e de encantarem com os seus trinados.
Nunca vi nenhum em liberdade... vejo-os sempre em gaiolas, saltando de um poleiro para o outro, de olhos fitos nas grades que os prendem. Como podem ter vontade de cantar?
Talvez ser ave migratória, ir para longe e poder voltar, subir alto nos céus e descansar nas escarpas solitárias. (Mas penso que seria uma vida muito cansativa... detesto fazer e desfazer malas.)
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Acho que escolheria mesmo ser borboleta. Nunca conheci nenhuma velha, enrugada, feia, gorda ou mal asada, como dizem no Fundão. São todas de uma beleza estonteante.
Airosas, coloridas, graciosas, ágeis, bailarinas de danças sensuais, vestidas de roupagem de festa, aveludada, quer sejam pequenas e cinzentas, ou garridas e extravagantes.
Andam de flor em flor, misturando com elas as suas cores, as suas formas, fazendo-lhes inveja com a sua dança de sevilhana com saia de mil folhos.
Levam nas patinhas pantufas de pólen doce e perfumado, que oferecem mais adiante às que as recebem com amabilidade nas suas corolas de toque acetinado.
Em cada volteio de dança ritmada, riem em gargalhadas como mulheres escandalosas que soltam os cabelos e estendem os braços até tocar as nuvens.
E depois, renovam-se com a rapidez de raio de luz, como um sopro de madrugada.
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Seria a Corcovado... ou a Gema. Talvez a Prepona, que de tão discreta é a mais enigmática.
Se eu hoje pudesse, sairia em direcção ao mar, pousaria em cada rosa, em cada jasmim, correria nas nuvens para ver o pôr do Sol riscar onde começa o céu e acaba o mar, planaria no suão e tremeria com a nortada, riria da terra, das pedras, das árvores que permanecem no seu lugar, sem gozarem o prazer da liberdade.
Mas como tenho o meu pé doente, só me resta escolher a borboleta mais bela e... sonhar!