A vida é um minuto!

Está quase terminado o ano de 2009.
É um minuto, a vida!

Os dias sucedem-se, formando meses e anos.
E nem damos por isso.
O maior desperdício ainda é o tempo que passamos a dormir.
No fim de 60 anos, só foram vividos 40!
Dormir... dormir para quê? Acho que deveria dormir quem quisesse, quem gostasse, como o faz quem fuma, viaja ou vai à praia.
E o trabalho, a despesa e o tempo gasto para nos alimentarmos?
Gastamos 6 horas por dia, no mínimo, para preparar e tomar as refeições, já não falando no tempo para fazer as compras necessárias par tal, acabando por somar mais de 90 dias por ano, que nos tais 60 anos vai dar a bonita soma de mais de 14 anos.
O ideal seria comermos uma vez por semana, ou vá lá, uma vez por dia.
É que os anos passam a correr.
Não sobra tempo para ler todos os livros que gostaria, para ver todos os filmes, para ouvir todas as músicas.
E quando é que poderemos passear, viajar, fazer uma sesta, conviver com os amigos, com a família?
Passar 20 anos a dormir? É um desperdício.
Se descontármos os 20 anos que temos que trabalhar... lá se vai a nossa vida entre trabalhar, comer e dormir.
Pouco resta para tudo o mais.
E se pensássemos aproveitar melhor esta passagem por cá?

Temporal e Natal

Saí por uns minutos para comprar pão e quando voltei, o portão do jardim não funcionava.
Uma rajada de vento atirou-o no sentido contrário, saltou a peça que o segura e fiquei sem poder entrar.
Tentei de todas as formas colocá-lo no sítio, mas não tive força.
Pedi ajuda a uma vizinha e o esforço das duas foi insuficiente para o voltar a colocar no lugar.
Por fim, com uma alavanca, o marido da vizinha lá conseguiu fazê-lo funcionar.
Já deitada, ainda pensava na força terrível do vento que conseguiu fazer uma acção daquelas em segundos.
Adormeci tarde e ainda não tinha dormido uma hora, quando começou o temporal.
Vento assustador fazia abanar como leques os estores, os gradeamentos das casas ao lado, parecia que ia fazer voar as casas como penas de passaritos.
Foram horas de susto, em que só ouvia os vasos do meu quintal serem projectados e partirem-se como ovos.
O som dos grandes potes, que eu tanto estimava, a bater no chão e a partirem-se, fazia-me tremer de medo e de pena.
Tentava identificar o que se ia estragando a cada rajada de vento e comecei a pensar em descer as escadas e ficar no rés-do-chão, lugar que considerava mais seguro.
Fiquei encolhida na cama e esperei que o vento amainasse e a chuva parasse de cair.
Só pela manhã foi sossegando aos poucos e me deixou passar pelas brasas, ainda com a preocupação do que iria encontrar quando abrisse a porta.
Sem electricidade, sem aquecimento, sem TV, sem coragem... lá fui ver o que restara da terrível noite.
As telhas da vivenda ao lado, voaram.
As grades do jardim da outra vizinha, que seguravam as trepadeiras, partiram-se em bocadinhos
que se espalhavam por todo o lado.
Os meus potes de barro, com plantas tão bonitas, jaziam como soldados agonizantes no campo de batalha, com as entranhas de fora e partidos de tal forma que nem deixavam mostras do que tinham sido as suas formas.
Restava-me o consolo de que tudo aquilo tinha remédio...
A lareira fez companhia e uma vela ajudou a não andar contra as paredes.
Foram 24 horas sem electricidade, mas mesmo assim com sorte, pois na cidade ao lado, 48 horas depois ainda estava tudo apagado.
Uma véspera de Natal triste e desconfortável.
A Natureza começa a vingar-se!

Sara

Um sonho...

Tenho andado pouco por aqui, porque tenho passado mais tempo nas minhas recordações em Tempo Diferente.
Talvez seja esta Quadra Natalícia, talvez a solidão de que sofro em recaídas como se fosse doença crónica, talvez a procura de quem fui, da força que pensava ter e dos sonhos que me empurravam para a frente.
Ora passo o meu tempo a ver filmes, ora leio, leio, leio, sem encontrar um tema que me afaste desta insatisfação, ora consumo música até ao cansaço... sempre com a esperança de ocupar o lugar que continua vazio.
Deveria ser preso, quem mata um sonho.

"Eu conheço um país..."

Nicolau Santos, Director - adjunto do Jornal Expresso, In Revista "Exportar"

"Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade mundial de recém-nascidos, melhor que a média da UE.
Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial de tecnologia de transformadores.
Eu conheço um país que é líder mundial na produção de feltros para chapéus.
Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos para telemóveis e os vende no exterior para dezenas de mercados.
Eu conheço um país que tem uma empresa que concebeu um sistema pelo qual você pode escolher, no seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filme que quer ver e a cadeira onde se quer sentar.
Eu conheço um país que tem uma empresa que inventou um sistema biométrico de pagamento nas bombas de gasolina.
Eu conheço um país que tem uma empresa que inventou uma bilha de gás muito leve que já ganhou prémios internacionais.
Eu conheço um país que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial, permitindo operações inexistentes na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos.
Eu conheço um país que revolucionou o sistema financeiro e tem três Bancos nos cinco primeiros da Europa.
Eu conheço um país que está muito avançado na investigação e produção de energia através das ondas do mar e do vento.
Eu conheço um país que tem uma empresa que analisa o ADN de plantas e animais e envia os resultados para toda a EU.
Eu conheço um país que desenvolveu sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos às PMES.
Eu conheço um país que tem diversas empresas a trabalhar para a NASA e a Agência Espacial Europeia.
Eu conheço um país que desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas portagens das auto-estradas.
Eu conheço um país que inventou e produz um medicamento anti-epiléptico para o mercado mundial.
Eu conheço um país que é líder mundial na produção de rolhas de cortiça.
Eu conheço um país que produz um vinho que em duas provas ibéricas superou vários dos melhore vinhos espanhóis.
Eu conheço um país que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial de pagamento de pré-pagos para telemóveis.
Eu conheço um país que construiu um conjunto de projectos hoteleiros de excelente qualidade um pelo Mundo.
O leitor, possivelmente, não reconheceu neste país aquele em que vive...
PORTUGAL
Mas é verdade.Tudo o que leu acima, foi feito por empresas fundadas por portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por portugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos e trabalhadores portugueses.
Chamam-se, por ordem, Efacec, Fepsa, Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI, BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida, Altitude Software, Out Systems, WeDo, Quinta do Monte d'Oiro, Brisa Space Services, Bial, Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Portugal Telecom Inovação, Grupos Vila Galé, Amorim, Pestana, Porto Bay e BES Turismo.
Há ainda grandes empresas multinacionais instalada no País, mas dirigidas por portugueses, com técnicos portugueses, de reconhecido sucesso junto das casas mãe, como a Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal e a Mc Donalds (que desenvolveu e aperfeiçoou em Portugal um sistema que permite quantificar as refeições e tipo que são vendidas em cada e todos os estabelecimentos da cadeia em todo o mundo).
É este o País de sucesso em que também vivemos, estatisticamente sempre na cauda da Europa, com péssimos índices na educação, e gravíssimos problemas no ambiente e na saúde... do que se atrasou em relação à média UE...etc.
Mas só falamos do País que está mal, daquele que não acompanhou o progresso.
É tempo de mostrarmos ao mundo os nossos sucessos e nos orgulharmos disso."

Humanidade robot

Quantas crianças das nossas cidades já viram uma galinha viva?
Quantas já viram como se semeia, rega e arranca uma cenoura da terra, ou um ninho de passarinho com filhotes de olhos pretos e bicos escancarados?
E o nascer do Sol ou o seu adormecer alaranjado atrás dos contornos do horizonte?
Pensam que os frangos nascem e crescem sem cabeça, sem roupa e manetas, tal como os podem ver no supermercado, único local onde contactam com alguns elementos da natureza.
Para os nossos filhos mais novinhos o porco é bifana, costeleta ou chouriço.
Nos desenhos animados conhecem os porquinhos, mas estes falam, vestem e brincam como eles, diferindo apenas nos narizes mais redondos que o habitual e as orelhinhas cor de rosa.
As alfaces, as bringelas, as cenouras e as batatas são feitas pelos homens nas fábricas, tal como eles moldam a plasticina no jardim escola.
O sumo de ananás vem do supermercado, assim como o de morango e o de pêssego.
Até a água boa para beber de lá vem, em garrafas e garrafões, já que a que sai da torneira, dizem-lhes que não serve para beber e a que provam no mar é salgada e cheia de lixo.
A chuva vem do céu e é uma seca, porque impede que brinquem no pátio. Às vezes é gira, porque faz lama e charcos onde podem meter os ténis de marca, à saída do colégio, quando vão a correr para o carro, arrastados pelos pais. A utilidade da água, além de ser para beber, talvez arrisquem a dizer que é para lavar os carros, encher as piscinas e regar a relva do jardim da vivenda.
Embora digamos constantemente que as nossas crianças sabem tudo de computadores, de canais da TV Cabo e de telemóveis, dá tristeza ver como crescem longe da natureza.
Nunca viram um riacho, a correr límpido entre os seixos do seu leito e nas suas margens, a pequena vegetação a mergulhar a folhagem na água de cristal.
Nunca ouviram o arrolhar dos pombos no telhado do palheiro, nem o galaró cantar ao amanhecer. Não dormiram à sombra duma árvore, em tarde de calor, nas traseiras da casa, respirando o oxigénio com que ela generosamente os presenteia, sem cobrar qualquer taxa.
E à noite, em vez de luzes coloridas de publicidade animada, nunca ficaram na varanda a olhar o céu estrelado, medindo apenas a imensidão do universo e o silêncio - o silêncio tão ausente dos seus dias.
As fontes estão poluídas, os rios cheiram mal, não podem andar descalços por causa dos vidros, das latas e dos arames.
Até olhar o firmamento, já não é possível sem tomar os satélites, por estrelas.
E se os olhos não sentem a ausência das cores da natureza, por terem as tintas que as imitam, se os ouvidos se habituaram aos sons das baterias, violas eléctricas e estereofonias, em vez do canto dos pássaros e das canções trauteadas pela mãe nos seus trabalhos domésticos, o olfato perde o cheiro da terra molhada pela chuva na tarde de Verão e o paladar nem adivinha o que é uma cereja colhida da árvore, estalar entre os dentes e suculenta, deixar escorrer o sumo que nos tinge a camisola da cor do sangue.
O pôr do Sol é tão habitual, que nunca pararam para o ver e só dariam conta que o Sol nasce, se um dia ele não nascesse.
E assim o progresso vai roubando, aos poucos, a humanidade das gerações que chegam.

Pessimismo?


Telenovelas

Há já algum tempo que as telenovelas deixaram de ser histórias de amores e enganos, de truques e armadilhas.
Neste momento tiro o chapéu às telenovelas brasileiras.
Os assuntos que nelas são tratados, a abordagem dos problemas sociais feita de forma tão lúcida e acessível, a oportunidade de ensinar, de chegar às grandes massas, são notáveis.
Por outro lado, os actores cada vez são mais fantásticos. Que maravilhosas representações!
Depois vem a fotografia, a música, os cenários.
Quem se lembra do jovem actor que representava um doente de esquizofrenia?
Quem pode ter vergonha de dizer que vê telenovelas, quando elas são já verdadeira arte de fazer teatro, televisão e cinema?

Pobre de espírito


O senhor não vê que ao boicotar o trabalho de alguém, não está a mostrar a incompetência dessa pessoa, mas a sua?

A tarefa mais simples que dependa da sua colaboração, arrasta-se no tempo e é mal feita ou fica incompleta, para a prejudicar.

Não vê que isso não prova que a pessoa que o senhor quer deixar mal vista, não sabe fazer o que lhe foi pedido, mas sim, que o senhor não é um profissional?

Se ela tem de montar um jornal de parede e o senhor é chamado para colocar uma simples luz que o ilumine, se para tal leva 3/4 meses... não mostra que ela não é capaz de escrever os artigos, dar forma ao jornal, mas sim que o senhor não corresponde ao que deve ser a sua função - a de electricista na sua forma mais simples, que apenas tem de esticar um fio e montar uma lâmpada!
Quer provar à viva força com o seu trabalho mal feito, que ela não sabe fazer o dela???

Isso é o que se chama pobreza, pobreza de espírito.

Música especial

O original

Georg Friedrich Haendel (1685-1759), ópera Rinaldo. Aria “Lascia la Spina”.
A interpretação (talvez) mais fiel à partitura original é a da mezzo-soprano Cecilia Bartoli, “menina bonita” do Quadratim e do Pretérito Mais-Que-Perfeito.
No PmqP foi publicado a 23.Fev.2009, a propósito do aniversário do nascimento de Haendel, este clip de um espectáculo de Bartoli, acompanhada, salvo erro, pos “Les Musiciens du Louvre”, grupo de câmara que frequentemente acompanha a mezzo-soprano italiana nas suas (muitas) interpretações do canto barroco.

Uma bonita versão
A interpretação de Lascia la Spina pelo soprano Sarah Brightman, que “aproxima” mais a leitura original da obra das versões que modernamente são apresentadas em filmes, telenovelas, etc.
A peça é por vezes apresentada com o título “Lascia ch’Io Pianga”





No vídeo reproduzido acima, uma versão da aria de Haendel arranjada por Paul Schwarz, com o título “Lascia” e utilizada recentemente na telenovela “Viver a Vida”, realizada pela Rede Globo e transmitida em Portugal pela SIC.