Maternidade na adolescência... Brasil

"Cerca de 20% das crianças que nascem a cada ano no Brasil são filhas de adolescentes. Comparado à década de 70, três vezes mais garotas com menos de 15 anos engravidam hoje em dia.
A maioria não tem condições financeiras nem emocionais para assumir essa maternidade. Acontece em todas as classes sociais mas a incidência é maior e mais grave em populações mais carentes. O rigor religioso e os tabus morais internos à família, a ausência de alternativas de lazer e de orientação sexual específica contribuem para aumentar o problema. Por causa da repressão familiar, algumas adolescentes grávidas fogem de casa. Quase todas abandonam os estudos. Com isso, interrompem seu processo de socialização e abrem mão de sua cidadania.
E a comunidade médica tem alertado que as consequências de uma gravidez na adolescência não se resumem apenas aos factores psicológicos ou sociais.
A gravidez precoce põe em risco de vida tanto a mãe quanto o recém-nascido.
Na faixa dos 14 anos a mulher ainda não tem uma estrutura óssea e muscular adequada para o parto e isso significa uma alta probabilidade de risco para ela e para o feto.
O resultado mais comum em uma gestação precoce é o nascimento de um bebé com peso abaixo do normal o que exige cuidados médicos especiais de acompanhamento do recém-nascido.
Além disso, o medo da gravidez leva muitas adolescentes à solução do aborto clandestino: segundo dados da Organização Mundial de Saúde, dos 4 milhões de abortos praticados por ano no Brasil, 1 milhão ocorrem entre adolescentes; muitas delas ficam estéreis e cerca de 20% morrem em decorrência do aborto."

Música muito bonita

Nascer mulher...Curdistão

"Du'a Khalil, 1989-2007
Foi apedrejada até à morte na cidade iraquiana de Bashika, fora do Curdistão (Du'a era Curda), por se ter convertido ao Islão para casar com um muçulmano. Ela era uma Yazidi.
PAREM a tirania contra as mulheres!
Não se tem a certeza de que ela se tenha convertido ao Islão; alguns relatos dizem que o seu namorado muçulmano negou que ele se tenha convertido.
O incidente teve lugar em Bashika e foi filmado através de telemóveis e distribuído na Internet.
Durante o apedrejamento, que durou cerca de 30 minutos, podemos ver ver Aswad tentando sentar-se e pedindo ajuda, enquanto a multidão a insulta e ,repetidamente, lhe atira grandes pedaços de pedra ou betão para a sua cabeça.
Pode-se, de seguida, ouvir um homem dizer: "Matem-na!" em árabe. Por fim, um indivíduo aproxima-se e mata-a com uma pedra atirada à cara.
Foi depois enterrada junto com os restos mortais de um cão para, supostamente, demonstrar que ela não valia nada. A autópsia revelou que Du'a Khalil Aswad morreu devido a uma fractura no crânio e na coluna.
Em Erbil, capital da região Curda, mulheres e homens juntaram-se para protestar publicamente contra a morte de Du'a. A manifestação foi organizada por 90 ONG's e atraiu protestantes de fora da região Curda.
"O assassinato de Du'a numa prática conhecida como 'crime de honra' é uma tragédia para a sua família e para toda a comunidade no Curdistão. Não há qualquer justificação para este crime"- Governo Regional do Curdistão.
O Supremo Concelho Espiritual Yazidi fez uma declaração a 27 de Abril de 2007, na qual condenou o assassínio de Du'a descrevendo-o como um "acto brutal e abominável"."

Nascer mulher...África

140 Milhões de mulheres foram submetidas à MGF - Mutilação Genital Feminina, na África, Peninsula Arábica e Ásia.
A mutilação genital feminina consiste na remoção do clítoris e dos lábios genitais às meninas pré adolescentes.
Este acto cirúrgico é feito por mulheres velhas, com uma faca, uma navalha, uma lâmina ou um caco de vidro, sem anestesia ou qualquer preocupação de higiene, na criança que é despida e agarrada por outras 3 ou 4 mulheres.
É então cortado o clítoris e os lábios da vagina são cortados também ou cozidos de forma a ficar apenas um pequeno orifício para sair a urina.
Os homens não casam com mulheres incircuncisas.
Acreditam que os orgãos genitais femininos são impuros e a sua remoção desencoraja a promiscuidade feminina, já que a mulher deixa de ter prazer sexual, prazer que só eles têm o direito de sentir. Acreditam que a circuncisão feminina as torna mais férteis e evita a infidelidade conjugal.
Os danos físicos e psicológicos são tantos e de tal forma irreversíveis que as mulheres ficam a sofrer de dores para sempre, além de frigidez e de infertilidade.
Grande quantidade de meninas morre por hemorragia e por infecção provocada por falta de cuidados de higiene e esterelização.
As pessoas movimentam-se por todo o mundo e transportam consigo estas culturas, que praticam onde vivem, podendo estar a acontecer mesmo ao nosso lado.
Esta prática é um dos horrores do Continente Africano e considerado pela Convenção sobre os Direitos da Criança "um acto de tortura e abuso sexual" e pela Organização Mundial de Saúde como "um flagelo de saúde pública".

Nascer mulher...Índia

Um milhão de meninas desaparecem todos os anos na Índia.
Muitas mães, quando fazem ecografia e sabem que vão ter uma filha, abortam logo a seguir.
As meninas que chegam a nascer e não desaparecem, são abandonadas na sua grande maioria à porta de instituições.
Muitas mulheres morrem (uma em cada seis minutos), por praticarem aborto.
Uma filha que nasce é vista como um infortúnio numa família. Desde que vê a luz do dia, essa rapariga sente que não é querida, que o seu futuro é visto como a desgraça para os seus.
Tudo por uma simples razão - para casar uma filha, os pais têm de dar o dote ao noivo.
Para isso, vendem os bens, vendem algum ouro que possuem e ainda ficam endividados para muitos anos.
Se tiverem mais do que uma filha, terão de lhe dar o mesmo dote, sem diferença de um tostão, senão nenhum noivo a aceita.
Mas, por outro lado, para cada 800 meninas, há 1000 rapazes. Nas aldeias de populações mais pobres, os pais não conseguem uma rapariga para casar com o seu filho, que ao permanecer solteiro, fica desonrado e desonra a sua família.
Vão procurar uma noiva para os filhos na idade de casar, a vários milhares de kms de distância e se concretizam esse feito, as raparigas ficam tão longe das suas famílias, que raramente voltam a vê-la.
A infelicidade que acompanha uma menina toda a sua vida, faz com que ela não aceite conceber e transmitir essa herança ao bébé que cresce dentro de si, desejando apenas acabar com a vida que começa a formar-se.
Não há amor que faça os noivos prescindir do dote, nem governante que acabe com esta lei tão injusta e que não deixa que rapazes e raparigas tenham as mesmas oportunidades de viver e serem felizes.

Yepes

Narciso Yepes tocando Enrique Granados
(“Recuerdos de la Alhambra”).
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Narciso Yepes, um dos ícones da guitarra clássica do séc. XX, nasceu faz hoje 80 anos.
Nasceu em Lorca e viria a morrer em Murcia, em 1997.
Recebeu do pai a sua primeira guitarra aos 4 anos. Aos 20 (em 1947) fez a sua estreia oficial em Madrid, interpretando o Concerto de Aranjuez, de Joaquin Rodrigo.
Com essa mesma obra viria, em 1964, a utilizar pela primeira vez a guitarra de 10 cordas que ele próprio criou, para interpretar mais fielmente a grande música do período barroco.
Nunca mais deixou a sua guitarra de 10 cordas.
Com ela tocou com as mais famosas orquestras do mundo, numa média de 130 recitais por ano. E com ela se tornou num dos grandes músicos do século, para além de importante investigador e redescobridor de inúmeras obras para guitarra dos séculos XVI e XVII.
Pelo seu enorme contributo para a Música, Narciso Yepes recebeu das mãos do rei Juan Carlos a Medalha de Ouro de Distinção das Artes.
Foi-lhe também atribuído o Prémio Nacional da Música, para além de ter sido nomeado Membro da Academia de Afonso X, Doutor Honoris Causa pela Universidade de Múrcia e eleito por unanimidade para a Academia Real das Belas Artes de Espanha.

Doris Lessing

No Jornal da noite anunciavam o Prémio Nobel da Literatura de 2007 e eu olhei, curiosa.
Uma senhora com cerca de 80 anos, vestida com uma roupa simples, de quem estava em casa despreocupada, cabelo branco apanhado em banana, desalinhado, conversava com os jornalistas sentada no degrau do jardim da sua casa.
Explicou que vira aquela gente toda com câmaras, na sua rua, mas não ligou. Era já hábito virem gravar telenovelas ali.
Quando lhe disseram ter sido ela a premiada com o Nobel da Literatura, continuou descontraída.
Uma madeixa de cabelo caíu-lhe sobre os ombros e ela juntou-o ao restante, com gesto que mostrava ser habitual.
Perguntaram-lhe o que pensava do prémio que acabava de lhe ser atribuído e ela respondeu que era preocupante, porque já sabia que iria perder muito tempo e só queria poder escrever os seus livros. Já tinha ganho outros e a sua vida não mudara.
Tinha um sorriso doce e continuava sentada no degrau, mãos no regaço e olhar distante, como se esperasse que se fossem embora depressa, para voltar para as suas histórias.
Nasceu em 1919, escreveu mais de 50 livros e editou o primeiro em 1949.
Parabéns, Lady Doris.