Rédea curta

Um político da oposição, na Assembleia da República, comparou a ASAE com a Pide.
Não conheço as razões que levaram a tal acusação, mas o pouco que mostram da actividade da ASAE, agrada-me.
O nojo dos restaurantes engordurados, desleixados, com as casas de banho atafulhadas de caixotes de alimentos e detergentes, os alimentos com aspecto e sabores impossiveis de determinar, montes de moscas nos vidros das janelas, tudo me deixava apreensiva há muito tempo.
No que diz respeito à alimentação, era assustador o que se via ou se sabia de vez em quando.
Aquele restaurante que foi fechado porque encontraram enterradas no quintal dezenas de pata de burro, por exemplo!
Os alimentos com o prazo caducado há cinco anos!
A carne de cão nos restaurantes chineses!
E não imaginava sequer uma parte do que veio a saber-se depois, com a actuação da ASAE.
Ainda há muito por fazer. Um destes dias fui tomar um café e uma das empregadas que estava atrás do balcão, passava com frequência a mão pelo nariz porque estava constipada. Um cliente pediu-lhe uma sandes de fiambre e ela foi buscar o pão, abriu-o e colocou o fiambre, sem lavar as mãos ou colocar as luvas que estavam na bancada para esse fim.
Por outro lado, as feiras e os mercados eram o paraíso onde se conseguia comprar tudo de marcas famosas, a preço da uva mijona.
Enquanto olhava as bancas cheias de roupas, calçado, discos e fimes, pensava na economia dos pobres comerciantes que pagavam impostos, rendas, salários, segurança social e estavam às moscas, enquanto teimavam em sobreviver à invasão de um inimigo que não conseguiam combater.
Onde eu pensava mais nisso, era em Leiria. Na baixa, perto das ruas das lojas de modas, funciona a feira todas as terças feiras e sábados.
Quem é que iria comprar uns jeans na loja, se na feira havia praticamente igual, com mais variedade e a um décimo do preço?
Embora me soubesse bem que assim fosse, não deixava de pensar no problema.
Vê-se que muita coisa mudou. Desde a cozinha do retaurante de quinta categoria onde almoço durante a semana, até à barraca das farturas que está iluminada em frente da casa da minha mãe, a diferença é notória. Os balcões de inox, dantes atafulhados de caixas, frascos e alguidares com restos de tudo um pouco, agora brilham de limpos e parecem maiores sem os trastes que faziam já parte deles. Já não se estranham as empregadas com as toucas brancas, as luvas para manusear os alimentos, a bata e o avental.
Já lá vai o tempo em que iamos lanchar à pastelaria, vinha para a mesa um prato com bolos sortidos e só pagávamos os que comíamos, enquanto os restantes continuavam a ir de mesa em mesa à mostra, até que agradassem a alguém.
Lembro-me duma história que o meu pai contava, com a graça que só ele tinha, do homem que estava a comer uma morcela e trincou qualquer coisa que não era habitual encontrar naquele enchido. Tirou-o da boca com cuidado e ficou aflito, dizendo que lhe tinha caído um dente. Mas, ao procurar a falha do dente, viu que os tinha todos!
Claro que muitos de vocês dirão que comemos muita "porcaria" feita nas fábricas... o que eu acho é que pior seria se não houvesse o medo pela fiscalização!

1 comentário:

nuno medon disse...

Olá! Concordo contigo, já p no falar do café ao lado da minha rua, que na semana do Natal, a dona do café tinha um cão dentro do café. beijos e um bom fim de semana! bom Carnaval!