Fisioterapia

O médico mandou-me fazer fisioterapia e recomendou-me a FORMAFÍSICA. Aceitei a recomendação.
É uma clínica novinha em folha, ainda por estrear oficialmente, paredes claras e grandes quadros de pintura abstrata. É cheia de luz e cor.
À frente está o casal proprietário, que me acolheu com uma simpatia fora do comum.
Ambos trabalham ali. O Sr. Diamantino, como fisioterapeuta e a D. Maria José, como secretária.
Destaca-se nos dois, no primeiro contacto, a beleza dos olhos. Os dela são castanhos, enormes e acompanham o sorriso escancarado. Os dele são azuis, transparentes e tímidos como o seu riso, como os seus gestos.
Dizem que os olhos são o espelho da alma...
Desde então todos os dias faço ali a recuperação.
Todos os gabinetes têm doentes, mas pelo silêncio, parece que não há lá ninguém. De vez em quando, aquele sossego é interrompido por alguém a suspirar. Ou a ressonar...
Eu não consigo estar de perna estendida e barriga para o ar, em silêncio. Nunca consigo estar calada, quanto mais ali, sem ter com que me entreter, a não ser olhar para as lâmpadas do tecto.
As mãos quentinhas que me tratam, deixam-me bem disposta e fico inspirada. Brinco com o nome do médico que me há-de fazer a ecografia - Dr Tomatas. Conto a história das senhoras que escorregavam na calçada e iam confessar ao padre (a propósito de estar ali outra senhora com o mesmo problema que eu) e rio-me com a D. Elizabete, a assistente.
Digo disparates e ouço risos.
Já reconheço a voz do Sr Acácio e do Sr João, embora não lhes conheça o rosto.
Nestes dias em que me foi recomendado repouso e tenho que estar em casa todo o dia sózinha, ir à Formafísica é uma festa. Tenho tratado o pé e a alma.
É que fazer tratamento a uma maleita física, sem recebermos um sorriso, uma palavra simpática, uma brincadeira, dias a fio, vendo o funcionário aplicar-nos os aparelhos e as pomadas, sem reparar que somos gente, deixa-nos bons da maleita, mas doentes da cabeça.
Já fiz fisioterapia num hospital particular, onde não me lembro de ter ouvido uma palavra da senhora que me aplicava os panos quentes, além do "dispa-se" e "pode vestir-se", em tom seco, talvez profissional em demasia. Nunca gastou um minuto a mais comigo. Não me lembro da cara dela, sequer.
As pessoas estão fragilizadas por estarem doentes e o próprio hospital tem um ambiente soturno e frio. Por vezes, uma palavra afectuosa dá mais resultado que 20 sessões de ultra sons ou raios lazer.
Eu necessito de comunicar, sou faladora e tenho o riso fácil.
A indiferença dos outros faz-me mal.
Desta vez, sinto-me entre amigos.
Rimo-nos dos mergulhaços que ouvimos uma criança dar na piscina terapêutica, em vez de fazer os exercícios, ou da forma como o Sr Diamantino tem de falar com uma paciente dura de ouvido.
Se não tenho como ir para casa, levam-me lá. E não é um caso isolado, pois já vi levarem outros doentes com dificuldade em se deslocarem.
São mesmo gente boa. Gente bonita.
Estão na net com site clinicaformafisica.com
No próximo dia 17 vão fazer a festa de inauguração.
Estou convidada.

1 comentário:

Anónimo disse...

olá! as melhoras para si! beijos e uma boa recuperação!