Para ser, tenho que sonhar.

Como tenho andado triste, pouco mais falo do que de coisas feias, de atitudes pequenas e medíocres, perdendo tempo com quem nada de bom acrescenta à minha vida, esquecendo-me que poderia estar a fazer bem mais por todos, do que a lamuriar-me.

Quando planto uma flor no meu quintal, ela cresce, desabrocha, enche o canteiro de cor e perfume, fazendo-me feliz.
Penso muitas vezes nisto, pois acho que faço mais do que conseguir o meu objectivo - fazer florir o pé que plantara, saindo vitoriosa na tarefa a que me propusera.
Ajudo também a própria planta a cumprir o seu destino, florindo e deitando sementes na terra, que darão lugar a mais flores, mais cor e mais perfume.
E se vejo alguém parar e apreciar o meu jardim, acho que renovo o bem estar dos que me cercam e podem beneficiar da beleza que resultou do meu gesto e da vitória da própria planta, que enraizou e floresceu.
É nisso que tenho de pensar. É no que a minha alegria pode beneficiar os outros, no que o meu prazer pode ajudar quem sofre, no que o meu esforço pelo equilibrio pode manter à minha volta tudo mais harmonioso.
Sempre gostei de rir e já nem sei quando isso aconteceu comigo a última vez.
Sempre plantei flores e as acarinhei para que a seu tempo cumprissem com a missão de alegrar a minha vida e a de quem as pode apreciar como eu.
No entanto, tenho gasto os meus dias a pensar e repensar nos que me colhem as flores, as partem e pisam, nos seus actos pouco belos, pouco justos, pouco dignos, revoltando-me por vê-los vitoriosos, apesar disso.
No meu desespero esqueço o meu jardim. Nele ainda há camélias lindas e já crescem as hastes que vão dar orquídeas.
As roseiras e as hortenses foram podadas, mas começam a rejuvenescer nos seus rebentos tão frágeis e graciosos. As Magnólias começam a sorrir também.
Os malmequeres que floriram todo o Verão, descansaram um pouco e já voltam a encher o vaso de rama de vários verdes e botões tímidos, mas decididos.
Um novo hóspede tem sido o alvo das atenções - um lírio roxo.
Para tecer, tenho que fiar. Para colher, tenho que plantar. Para ter, tenho que cuidar. Para ser, tenho que sonhar.
A maldade tem-me desviado do meu caminho, entristecendo a minha alma.
Quero voltar a ler, a escrever, a bordar e a jardinar.
É nisso que eu me sinto na minha pele. A mentira, a arrogância e a vaidade não são da minha família. Nem minhas vizinhas...

2 comentários:

nuno medon disse...

Olá! Tens que melhorar e ser a Mariazinha, que sempre foste....alegre, muito extrovertida! Ontem não concordei contigo, quando disseste " não tenho aparecido porque não sou boa companhia". Tu podes falar comigo, mesmo quando estás em baixo. Ok, pode-te não te apetecer, mas falar, desabafar faz bem! Ora aí está uma coisa que eu não sabia que fazias: o bordar! Lol...nem imaginas as aulas, que eu passei a fugir do bordar ( o ponto de cruz ). Os rapazes e raparigas tinham que fazer ponto de cruz, nas aulas de Trabalhos Oficionais. Eu odiava bordar! E como me esquecia do Material, nunca bordava.....lol! Eu não gostei de bordar, porque era rapaz e sempre achei isso uma coisa de meninas, mas acho piada ao facto de bordares...Mulher que é Mulher tem de saber cozer, bordar! E Maria Suzete, vê se recuperas essa auto-estima! Quem te pôs triste é um banana! Acredito que não estejas tristes só por causa do que aconteceu com a tua Mãe. Houve coisa pelo trabalho....! Se foi no trabalho, tens que andar de cabeça erguida, porque tenho a certeza de que és uma boa profissional! beijos e um abraço.

Li disse...

É isso mesmo...há que pensar mais nas flores bonitas do jardim...há que sonhar mais...:)

espero que melhores...bjitos