Aversão



Mal me aproximo de ti sinto um peso na alma que não sei donde vem.
Perco a alegria, o gosto de rir ou sorrir. Fica só o mal-estar e a desconfiança.
Uma aura negativa paira à tua volta.
O teu tom afável é falso, frio, funesto, causa arrepios.
O teu olhar transmite sempre reprovação, crítica, censura, deixando–nos com a sensação que cometemos uma falta grave, que o mal está em nós.
A maldade que revelas nas poucas palavras que proferes, nos sorrisos trocistas que trocas com quem te bajula, arrasta-se atrás de ti, como um manto negro e sombrio.
Pareces um soberano que olha de cima os seus súbditos, considerando-se benemérito ao dar-lhes a oportunidade de o verem, de lhe falarem, de se aproximarem, ainda que só num cumprimento de cabeça. Será que pensas que a vida muda só para os outros? Que a sorte te bafejará sempre?
Todos te sorriem, mas temem os teus poderes malignos. Afastam-se na primeira oportunidade.
Eu aconchego a gola do casaco, sinto-me gelar.
Toda a força se esvai, enquanto estás por perto.
Consegues reunir num só olhar, numa só palavra que sussurres, a vaidade, a inveja, a prepotência, a ignorância, a ameaça e a vingança que podem caber num ser humano.
À tua volta, tudo seca.
Cruzo os dedos por instinto.

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