Verde e Rubro

A Bandeira Nacional está por todo o lado.
Nas janelas, expostas como colchas, que engalanavam as ruas na passagem da procissão do santo padroeiro.
Nas varandas, hasteadas como se assinalassem dia especial, em edifício do Estado.
Nos carros, que circulam nas estradas em correria indiferente à paisagem.
No cimo das árvores, nos quintais, como se mostrassem um campo especial de manobras militares.
Lá está a bandeira verde e rubra, que só começou a ser desfraldada desta forma efusiva, por iniciativa de um brasileiro à frente da selecção portuguesa de futebol .
Já a vi com as cores ao contrário, com apenas 3 e 4 quinas, com um desenho esquisito no centro... (os modelos enviados para a China não seriam bem claros, ou os chineses entenderam que a parte central não passava de enfeite sem importância e pintavam-na conforme o gosto de cada um).
Vendem-se aos milhares nos supermercados, enroladas dentro de caixas de papelão. Nas lojas dos 300, em sacos de plástico transparentes, amontoadas junto dos panos da loiça e turcos para fins variados. Na Galinha Gorda, perto dos detergentes e chinelos de plástico.
Há quem a use como lenço a dar um nozinho no pescoço, a dar um nó na alsa da carteira, como forro do apoio de cabeça no assento do carro, como cortina a forrar o vidro traseiro, como catavento na antena do rádio.
Enfim. Pobre símbolo da nossa Nação!
Quando se ouvia o Hino Nacional e se olhava o hastear da Bandeira, sentíamos a obrigação de ter as costas direitas, o rosto sério e o coração patriótico a bater com ritmo acelerado.
Agora, carros com metade pintado de verde e metade encarnado, com as fotos dos jogadores estampadas, tocam o Hino Nacional alto e bom som, entre várias cervejas e saquinhos de tremoços, à porta do Palácio de Belém, enquanto esperam que a Selecção Portuguesa chegue para cumprimentar o Presidente da República e parta para disputar o Campeonato Europeu na Suíça.
E eu, sem perceber nada de futebol, nada de hinos, nada de símbolos da Nação, acho que tudo isto é um tanto exagerado, porque até à chegada ao Fundão, vi a Gardunha vestida de verde, na folhagem das cerejeiras e vermelho, na quantidade imensa de cerejas maduras, que vergavam as suas ramadas.

Então, concluí que a Natureza também é adepta de futebol e torce pela Selecção de Portugal.

1 comentário:

Li disse...

VIVA PORTUGAL!!!

Isto só prova que é natural gostar-se desta selecção!!!

:D