O ouro negro

E se em vez de ser o boicote dos transportadores, fosse o fim do petróleo?
Se os poços secassem, se nada saísse das bombas extractoras, se uns atrás dos outros fechassem os campos de exploração do produto que faz andar o mundo?
Como encararíamos mudar radicalmente a nossa vida?
Como iríamos trabalhar? Parar o nosso carro, sim... mas que transporte poderíamos utilizar?A bicicleta, o cavalo, a carroça, as pernas?
Como se alimentariam os animais? Como se lavrariam as terras? Como se fariam chegar os alimentos aos mercados? Passar a ter horta, galinhas, uma vaca leiteira, árvore de fruta no quintal da casa? Alimentar os animais pelo pastoreio, rasgar a terra com a charrua, retirar a água do poço com o balde ?
Trocar uma cabra por uma mesa e levá-la para casa em carro de bois.
Voltar a usar as velas, a lareira, a forja, a escrita em papiro.
Tecer o algodão, o linho e a lã para fazer os nossos agasalhos... depois de os produzir, claro.
Se acabasse agora o petróleo quando é que estaríamos em condições de fazer outra vez tudo o que necessitamos para assegurar a nossa sobrevivência?
Como viveríamos sem viajar, sem consumir, sem ter a certeza que se chamarmos os bombeiros, a polícia ou a ambulância eles estarão junto de nós em minutos?
E as pessoas que apenas têm 2 assoalhadas para viver, sem quintal, sem terra?
Talvez não víssemos tantos campos abandonados no interior, tantas famílias desunidas, tantos obesos, tantas dietas para manter a linha, tanta ambição e tanta inveja.
Mas é difícil pensar em tudo o que dependemos do petróleo.
(Admiro mais ainda os grandes escritores, os cientistas, os artistas que só podiam criar à luz da vela)
E penso nos alertas constantes que os cientistas fazem há algum tempo, de que os recursos de petróleo se estão a esgotar...

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