Ainda os tempos de indiferença


Fui confrontada por alguém que leu o meu post na Pegada, querendo saber se eu era contra a ajuda que cada um pode dar para as Instituições que se debatem com dificuldades financeiras.
Não sou contra. Não sou contra o acto de dar, nem contra o acto de receber, nem contra coisa nenhuma que as pessoas queiram fazer.
Sou contra a ideia de que temos que contribuir constantemente para que as Instituições sobrevivam, se arrastem, atinjam minimamente os fins para que foram criadas.
Não aceito que uma corporação de bombeiros tenha de pedir de porta em porta.
Não aceito que uma casa de acolhimento de crianças abandonadas tenha necessidade, para cuidar delas, de fazer peditório nacional.
Não aceito que um hospital não possa comprar medicamentos ou outros materiais e ande na pedincha para poder atender os doentes que ali são tratados.
Trabalho há 40 anos e nunca vi a cor a mais de um quarto do meu vencimento, para poder ter algumas regalias, entre elas a assistência médica. A verdade é que durante anos e anos nem um comprimido gastei e se contabilizar as vezes que adoeci e necessitei de ajuda, meio ano desses descontos cobririam todas as despesas.
De quem é a obrigação de zelar por esse suporte social?
Constantemente, aonde quer que vá, vejo pessoas pedir para os mais diversos fins. São todos conhecidos, são todos idóneos, são todos necessitados, são todos do bem.
Nada neste país funciona?
Acho ridícula esta pedinchice.
No entanto, as pessoas cada vez estão mais afastadas dos seus familiares, dos seus vizinhos, dos seus conterrâneos, fazendo vista grossa às  suas necessidades como seres humanos.
A atenção, a amizade, o carinho não se compram com donativos de porta de supermercado.



Sem comentários: