Doris Lessing

No Jornal da noite anunciavam o Prémio Nobel da Literatura de 2007 e eu olhei, curiosa.
Uma senhora com cerca de 80 anos, vestida com uma roupa simples, de quem estava em casa despreocupada, cabelo branco apanhado em banana, desalinhado, conversava com os jornalistas sentada no degrau do jardim da sua casa.
Explicou que vira aquela gente toda com câmaras, na sua rua, mas não ligou. Era já hábito virem gravar telenovelas ali.
Quando lhe disseram ter sido ela a premiada com o Nobel da Literatura, continuou descontraída.
Uma madeixa de cabelo caíu-lhe sobre os ombros e ela juntou-o ao restante, com gesto que mostrava ser habitual.
Perguntaram-lhe o que pensava do prémio que acabava de lhe ser atribuído e ela respondeu que era preocupante, porque já sabia que iria perder muito tempo e só queria poder escrever os seus livros. Já tinha ganho outros e a sua vida não mudara.
Tinha um sorriso doce e continuava sentada no degrau, mãos no regaço e olhar distante, como se esperasse que se fossem embora depressa, para voltar para as suas histórias.
Nasceu em 1919, escreveu mais de 50 livros e editou o primeiro em 1949.
Parabéns, Lady Doris.

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