Surpresas!

A estrada secundária que conduz à minha casa é uma constante fonte de novidades.

Há uma pequena curva com uma árvore que deita um óleo e deixa o piso escorregadio. Então, volta e meia está lá um carro acidentado ou vestígios de acidente.
Um colega meu andava todo vaidoso por ter comprado um carro topo de gama e pouco tempo depois já estava com ele no fundo da barreira.
Uma outra colega, que nos veio contar o acidente em pormenor... teve a mesma sorte. Até parece que teve inveja.
Penso sempre quando será a minha vez!!!

Ali perto, a Vanda foi multada em 3oo Euros, por excesso de velocidade e ficou um mês sem carta...
Também olho para o velocímetro, não vá o diabo tecê-las!
Um dia destes vinha a atravessar a estrada uma senhora muito jovem, com 2 crianças de 1 ano num carrinho duplo e outras duas de 3 anos, uma de cada lado. Parei para a deixar passar.
Agradeceu e eu, no momento que passou em frente do carro, perguntei-lhe, mostrando os 4 dedos da mão, se eram todos dela... Deu um sorriso escancarado, feliz e acenou afirmativamente com a cabeça. Foi lindo de se ver.
Outra vez, ia um casal à minha frente, num Golf. A mulher gesticulava muito e, sem mais nem menos, desatou a dar murros no homem que conduzia.
Surpreendida, temi ultrapassá-lo, não fosse ele distrair-se e chocar no meu carro.
Ela batia-lhe com fúria e ele conduzia com uma mão, enquanto se defendia com a outra, tentando segurar-lhe os braços, sem afrouxar. De repente, ela abre a porta do carro e tenta sair, enquanto ele a puxava para dentro. Abrandou um pouco a velocidade nesse momento e eu consegui ultrapassá-los. Gente louca!

Hoje, quando fui trabalhar, às 9 h, andavam 3 cavalos castanhos, imponentes, no meio da estrada.
Um dava alguns passos e os outros seguiam-no. Andavam em círculos e ocupavam a faixa de rodagem completamente. Se eu avançava um metro, eles aproximavam-se e eu ficava aflita sem saber o que fazer. Duas senhoras idosas observavam e eu perguntei da janela do carro, de quem eram os cavalos. Responderam-me que não sabiam, que não eram dali. Depois, uma delas deu um grito para outra mais distante e disse: "Oh Fulana, telefona aí ao Cicrano e avisa-o que andam aqui os cavalos dele!" Fiquei de boca aberta...
Atrás de mim, já havia fila e no outro sentido também, mas os cavalos, enormes e indiferentes continuavam a passear-se no asfalto, ocupando a faixa toda.
Um carro, vindo do fundo da fila, passou por nós com velocidade e só parou mesmo junto dos animais, parecendo que os ia atropelar. Um homem saiu, colocou uma corda à volta do pescoço de um deles, que a aceitou muito dócil e levou-o. Os outros seguiram-no de imediato.

Nesse dia, à tarde, vinha do serviço calmamente, quando vejo perto da tal curva, um carro parado e o condutor a ver um mapa. Segui, a pensar que ele tentava saber onde estava- não deveria ter ainda GPS ...
Olhei pelo espelho retrovisor e vi-o atrás de mim. Pensei que estava lá à minha espera e sorri com a minha própria palermice.
Continuei e ele seguiu-me no atalho que faço sempre. Depois, virou onde eu virei.
"Mau, mau," pensei.
Quando cheguei a casa, encostei logo ao portão do jardim e vi que ele parara também.
Curiosa, quis ver a cara do condutor e da sua acompanhante. Foi então que reconheci a minha cunhada e o meu irmão! Riam-se de mim! Tolos!
É a estrada das surpresas... umas bem melhores que outras!

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